South Summit Brazil 2023: 3 olhares para a sustentabilidade

De acordo com a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas para discutir e propor meios de harmonizar o progresso econômico e a conservação ambiental, sustentabilidade “é o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro”. Mas afinal, sob que viés as empresas, as instituições e os governos a têm discutido? 

Na última quinta-feira (30), o calor de um outono ainda tímido não era apenas do lado de fora; em pelos menos dois dos pavilhões do Cais Embarcadero, em Porto Alegre (RS), o frenesi surgia a partir de discussões sobre #Descarbonização, #NetZero e #Sustentabilidade provocadas pelos mediadores aos painelistas com quem dividiam o palco.

O primeiro pregou a necessidade de as grandes indústrias se reconectarem com a natureza, uma vez que a bioeconomia é entendida como um vetor para a transformação. Esse resgate pode e deve ser realizado por meio de um olhar para o saber ancestral que, segundo Giane Brocco, CEO da Amazu Biomimicry, a cada dia tem muito a nos ensinar. Para ela, “Toda semente é uma potência de flor, assim como toda empresa é uma potência para a bioeconomia.”

Tanto para Diogo Barbalho Hungria, CEO do Meu Pé de Árvore, quanto para Mayra Castro, CEO da InvestAmazônia, as ações de restauração das florestas pouco adiantam se não houver, primeiro, uma reeducação de pessoas, a fim de entenderem a importância das árvores. “A gente não pode olhar para a Amazônia de cima, e sim de frente”, disse Mayra. Segundo Diogo, a importância de se preocupar com práticas ESG é justamente o que elas representam para o amanhã: “Isso é o que a nossa empresa faz para poder existir no futuro”, afirma.

Pouco depois, em outro palco, tomou lugar um painel sobre a importância da colaboração bilateral entre América Latina e Reino Unido para um futuro Net Zero. De acordo com os speakers, um elemento muitas vezes inexplorado quando o assunto é sustentabilidade são as cidades e o papel-chave que detêm no processo de descarbonização, uma vez que são responsáveis por 80% das emissões de monóxido de carbono. Rovana Bortolini, Diretora de Projetos e Políticas de Sustentabilidade da PMPA, afirmou que Porto Alegre tem metas ambiciosas — algumas das quais já estão sendo concretizadas, como a preservação de praças e parques, e os rooftops sustentáveis, com áreas verdes e captação de energia solar.

A troca entre latinos e a nação insular formada por quatro países surgiu da necessidade de inovação e disrupção: “Tudo que vem de fora chega sempre com essa capacidade de rompimento com aquilo que se vem fazendo”, disse Cristiano Andrade, Head de Inward Investment no Departamento de Negócios e Comércio do Reino Unido. Mas também alertou para o fato de que “as soluções só têm sentido se beneficiam os cidadãos”. O projeto debatido pelos painelistas vem sendo realizado pela Connected Places Catapult, empresa aceleradora de inovação para cidades e transportes, que monitora as cidades de Buenos Aires, Campinas, Guadalajara e Monterrey. Como observatórios, foram definidos Porto Alegre e Santiago (do Chile).

No momento do terceiro e último painel, uma plateia ainda repleta acompanhou o debate sobre Open Innovation e o seu papel para um futuro sustentável. Mediados por Thiago Figueiredo, os speakers falaram em nomes de grandes empresas das áreas de energia e saúde, alternando inglês e português ao responder perguntas sobre funding, desafios, oportunidades e próximos passos.

Para Carmen Moreno, Investment Associate da Repsol, é necessário que o público e o privado trabalhem juntos a fim de garantir o tão almejado Net Zero. Além disso, a empresa, hoje, também atua como uma aceleradora de novas tecnologias. Já Sergio Rodrigo de Araújo, Superintendente de Digital, Inovação e Projetos Estratégicos no Grupo Equatorial Energia, falou sobre o programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), anunciando o primeiro hub de inovação do Grupo, que será inaugurado em abril na cidade de São Luís (MA).