Kassab: “Não tenho preocupação em Lula dar uma guinada à esquerda”

A convite do Grupo VOTO, Gilberto Kassab, Secretário de Governo do Estado de São Paulo e presidente nacional do PSD, conversou com empresários e executivos na manhã desta segunda-feira (06) durante o evento Brasil de Ideias – maior fórum de discussão política do país. Realizado no Itaim Bibi, em São Paulo, o café da manhã reuniu grandes nomes do setor empresarial brasileiro para discutir projeções políticas e econômicas, sobretudo considerando o futuro da gestão de Lula, no governo federal; e de Tarcísio de Freitas na capital paulista. 

Kassab, que já foi prefeito de São Paulo e ocupou ministérios nos governos Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB), disse ter “esperança de que vá prevalecer o bom senso” e que é preciso acreditar no Brasil e colocá-lo em um estado de previsibilidade para a economia e para a população. 

“Se acertar na economia, ele (Lula) irá também acertar nos programas sociais, que ele sabe fazer muito bem… Se ele errar na economia, não vai ter recursos para fazer os programas e irá gerar instabilidade no Brasil”. E completou: “Somos da base do governo federal. Nossos líderes estão prontos para ajudar o governo, mas não para acompanhar naquilo que possa tirar a economia de seu rumo”.

Para a presidente do Grupo VOTO, Karim Miskulin, a visão de Kassab diante do cenário brasileiro mostra que é preciso seguir em frente, sem ranços políticos, vencendo a barreira eleitoral. “Passada a eleição, devemos olhar para o Brasil como um país de todos, uma terra plural e de oportunidades que precisa encontrar seu protagonismo no mundo”, disse.  

“Precisamos que esse governo dê certo”

Ao ser questionado sobre os casos de corrupção envolvendo governos anteriores, incluindo os primeiros mandatos de Lula, disse que a imprensa e o Ministério Público possuem um papel fundamental na fiscalização e que, hoje, a sociedade sabe os caminhos para cobrar o poder público. 

Sobre o suposto radicalismo na gestão, afirmou que o governo precisa dar certo e que, por enquanto, é importante ter calma ao ler essa configuração política inédita no país, que ainda está se estruturando. “O Congresso espelha a sociedade, e a sociedade é de centro. Qualquer governo que não radicalize sempre terá o apoio do Congresso. E o Lula, se tiver uma linha conciliadora e moderada, principalmente na economia, terá esse apoio (…) Não tenho preocupação de Lula dar uma guinada à esquerda”, afirmou.

Confiança nos estados

Kassab reforçou aos empresários a confiança nos governos estaduais, especialmente em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina, que, segundo ele, “estão sendo muito bem administrados”.

Sobre o governo de São Paulo, disse que Tarcísio de Freitas, do Republicanos, é um governador preparado, que conhece os principais problemas que assolam o Estado hoje e que, com certeza, irá desenvolver uma economia forte atrelada às questões sociais. Completou afirmando que Tarcísio tem trabalhado com muita seriedade e firmeza junto ao governo federal em pautas que afetam diretamente o estado e a vida dos paulistanos.

Reforma tributária

Indagado sobre a Reforma Tributária e o aumento de impostos ao setor produtivo, foi enfático: “se fizermos a tributária sem pensar a administrativa, não vai ser uma reforma tributária. Será um projeto para aumentar a carga”. Para ele, é um erro do governo federal não pautar a discussão sobre a reforma administrativa, o que, de certa forma, demonstra que o “PT tem dificuldade em relação ao tema”.

O Secretário de Governo também disse ser contra a volta da taxação de lucros e dividendos, proposta do ex-ministro da Economia Paulo Guedes, que tem apoio do atual governo. E que uma reforma tributária radical pode levar à fuga de capitais.