Opinião: “Política de prática, enfim”

calendar 20 de março de 2023
user Fernando Guimaraes

Karim Miskulin*

Presidente do Grupo VOTO

 

É na adversidade que conseguimos mensurar a grandeza dos líderes de verdade. Há aqueles que fazem uso de escudos de fumaça, e há aqueles que desembainham suas espadas. O atual governador de São Paulo seguramente pertence ao segundo grupo: o dos corajosos.

Antes mesmo de completar 100 dias à frente do governo, há uma adjetivação – dita e repetida pelo secretário de Gestão e Governo Digital de São Paulo, Caio Mario Paes de Andrade – que define Tarcisio Freitas: “um trator para o trabalho.” Ele une velocidade ao fazer e conhecimento técnico para desempatar o que precisa ser feito: a privatização da Sabesp, pauta de urgência, é exemplo disso. Um problema antigo em busca de uma solução inadiável.

 

Líder da 21ª economia do planeta, Tarcísio leva consigo a esperança de um povo sem paciência para esperar. Para honrar a imposição das necessidades, há de fazer diminuir as desigualdades, pois, num estado abastado como São Paulo, quase 7 milhões de paulistas estão com fome; e as crianças não estão aprendendo direito nem português, nem matemática (pelo IDEB, o coração financeiro da América Latina sequer figura entre os cinco primeiros da lista).

Em recente fórum do Grupo VOTO, Tarcísio fez uma provocação à elite empresarial do país: disse que está em busca de ideias, respostas e também investidores. Célebre! Eis um governante que compreende o papel basilar do Estado: não é gerar, não é prover, mas sim criar um ambiente favorável para fazer a economia circular.

E se há tal maturidade de visão do governo é porque também há peritos nesta composição. Majoritariamente composto por quadros técnicos, com secretários sendo profundos conhecedores de suas matérias, a política paulista agora tem cara de gestão. O secretário de Desenvolvimento Econômico, Jorge Lima, por exemplo, é um incansável fomentador do florescimento do turismo. Diz ele que São Paulo recebe mais gente do que o México e a República Dominicana, mas se mantém como estrada quando, na verdade, deveria ser destino final, o centro do turismo da América Latina. Isso é olhar sistêmico, para além do umbigo.

O futuro de todo governo é incerto até que o ciclo se finde, mas, que esta administração está sendo provocadora, inquieta e obstinada a consertar o que carece de reparo, bem, até a oposição tem concordado. Nem sempre, é verdade. As parcerias público-privadas com o Porto de Santos são um exemplo disso. Agora, convenhamos, fazer a sociedade se mobilizar sobre pautas de ordem práticas – para além da ideologia e do figurado da política que tem dominado a opinião pública – já é uma vitória da primeira ordem.

Política de prática, senhores. Política de prática!

VEJA TAMBÉM