Deputado federal e ex-secretário de saúde da cidade do Rio de Janeiro (2014-2016 e 2020-2022), Daniel Soranz (PSD) se reuniu com empresários das áreas da saúde e da gestão de investimentos e falou sobre os desafios do atual momento. De acordo com o parlamentar, um dos gargalos que envolve a atuação governamental na área da saúde é o modelo vigente de licitações para a compra de medicamentos. Segundo Sorantz, o Brasil deve se inspirar em sistemas adotados por países como o Chile. “A compra de medicamentos pode e deve ser sistematizada de forma simples e com pregão permanente. Só com essa reforma, mais de R$ 6,2 bilhões seriam economizados”, alertou.
Welder M. Peçanha, diretor de relacionamento da Verzani & Sandrini, gigante do segmento de facilities e segurança patrimonial, lembrou que o investimento em saúde é o segundo maior custo no orçamento das empresas, menor apenas do que a própria folha de pagamento, e questionou: “quão urgente se faz a reforma tributária?” Para o deputado, essa é uma das principais pautas do Congresso Nacional, mas “há ainda dois pontos importantes que merecem atenção: o gasto público em saúde e a destinação mais adequada dos recursos arrecadados pelo Governo Federal”.
Segundo Soranz, o Governo gasta apenas 3,96% do orçamento com saúde, enquanto outros países, como Dinamarca e Portugal, chegam a gastar até 17%: “é importante primeiro equilibrar os gastos públicos e adequar os valores investidos em saúde.” E arrematou dizendo que o Brasil bateu recordes de arrecadação nos últimos anos, mas que “60% desses recursos, por exemplo, foram utilizados para amortizar a dívida interna”.
Já o Gerente Executivo de Relações Institucionais da Tereos – empresa de origem francesa fabricante de alimentos e bebidas, Rodrigo Simonato, chamou a atenção para a demonização do açúcar, um dos principais insumos da empresa e criticou a falta de um debate profundo sobre os temas que regulam as leis setoriais. “O cenário mundial de consumo de açúcar apresenta um déficit de 10 milhões de toneladas, e o único país que pode otimizar e aumentar sua produção para atender a essa demanda é o Brasil”, disse ao reiterar as preocupações com a visão do Congresso sobre defensivos agrícolas, insumo necessário para a produção de diversas commodities.
Soranz respondeu afirmando que “há falta de razoabilidade dentro do Parlamento”. Segundo ele, muitas audiências públicas são propostas e levadas a cabo, sem o devido envolvimento da maior autoridade do país, a ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, que tem autoridade para a regulamentação.
O debate aconteceu em mais um ciclo do Brasil de Ideias, evento organizado pelo Grupo Voto. Para a presidente, Karim Miskulin, “sabemos todos sobre o desafio que é estar na Câmara dos Deputados e nos colocamos, todos os presentes, à sua disposição, como interlocutores do setor empresarial com o poder público”, afirmou.