A 18 dias das eleições presidenciais da Argentina, as pesquisas eleitorais apontam um empate dentro da margem de erro entre o candidato governista e atual ministro da economia, Sérgio Massa, e o libertário Javier Milei. Nesse cenário, ambos iriam para o segundo turno, marcado para ocorrer no dia 19 de novembro.
Em meio a disputa, o governo brasileiro acompanha de perto as movimentações dos candidatos a ocupar a Casa Rosada. Uma possível vitória de Javier Milei, considerado um representante da extrema-direita, provoca receio no Palácio do Planalto e é vista como um empecilho para os movimentos de integração regional defendidos por Lula.
Entre outras propostas polêmicas, Milei defende a saída da Argentina do Mercosul, a extinção do Banco Central e o fechamento de vários ministérios. Recentemente, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, chegou a admitir que as eleições argentinas colocam em risco o futuro do Mercosul.
Por outro lado, o governo Lula tenta dar força ao candidato da situação, Sérgio Massa. Massa é representante do peronismo, corrente política que possui uma aliança histórica com os governos petistas.
De acordo com o jornal O Estado de São Paulo, Lula atuou nos bastidores para que o Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF) facilitasse a liberação de um empréstimo de R$1 bilhão para a Argentina. O Brasil tem participação de 37,3% no capital da instituição e tem maior influência nas suas decisões.
A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), teria se envolvido na trama. Ela é a governadora do Brasil no CAF e a operação precisava passar pelo seu aval. A Argentina já havia esgotado seu limite de crédito junto ao banco e, por isso, não poderia ter acesso a novos recursos.
No entanto, a atuação de Lula fez com que os países-membros do CAF aprovassem a transferência do valor diretamente ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Os argentinos precisavam do empréstimo para liberar um desembolso de R$7,5 bilhões junto ao FMI. No dia 28 de agosto, Sérgio Massa esteve reunido com o petista para tratar de negociações entre os dos países.
Milei ataca Lula em resposta
Ao saber da ajuda do Brasil ao governo argentino, Javier Milei acusou Lula de atuar contra a sua candidatura e chamou o presidente de “comunista furioso”. “A casta vermelha treme. Muitos comunistas furiosos e agindo diretamente contra minha pessoa e meu espaço. A liberdade avança”, disse o presidenciável em suas redes sociais.
Em outras publicações, Milei falou sobre a participação de Lula na fundação do Foro de São Paulo e o financiamento de governos como o de Nicolás Maduro, da Venezuela.