O Brasil de Ideias foi concebido para ser um momento de reflexão durante as duas horas do horário do almoço. Só que, na sexta-feira (17/03), o evento realizado pela Revista Voto avançou tarde a dentro pela relevância e polêmica do tema: a reforma previdenciária. O tema proposto pela Publisher Karim Miskulin aos painelistas Aod Cunha, doutor em Economia e ex-secretário da Fazendo do RS, e Débora de Souza Morsch, a sócia e diretora da Zenith Asset Management, era “O Estado em colapso – como chegamos até aqui?”, contudo o status da demografia brasileira e a aposentadoria instigaram as dezenas de pessoas que lotaram o Pool Bar do Sheraton Porto Alegre.
Débora fez uma didática contextualização do País sob o prisma da economia, educação, política, marcos regulatórios como a lei responsabilidade fiscal desde o primeiro mandado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, passando pelos dois mandatos de Lula e de Dilma Rousseff. “Baixa eficiência e o controle do Estado sempre foram os grandes problemas”, resumiu a engenheira por formação que, já por falta de oportunidade na área, migrou para outro segmento. “É preciso simplificar o sistema tributário; fazer a reforma trabalhista, pois está arcaica, sendo da década de 1940; aproveitar as boas cabeças do setor público; implementar mais abertura comercial e investir na educação, que é crucial. Não é o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies); pois o aluno não pode rodar senão a instituição perde o estudante. Ou seja, há um conflito de interesse, e isso não pode ocorrer”, sustenta Débora.
Aod centrou seus argumentos na mudança da demografia verde-amarela. De uma nação que construiu sua autoimagem calcada na juventude de seu povo – discurso elaborado nos promissores anos 50 –, está se tornando envelhecida. “Isto é inexorável: Seremos mais velhos do que os EUA em 2035, 2040 sem reformas como a da previdência. Sobrarão escolas e haverá uma demanda exponencial na saúde”, prevê Aod.
Segundo ele, o Brasil tem sido um país de sucesso médio, de renda média, que conseguiu sair da zona de pobreza, mas que cresceu abaixo da média global dos emergentes e não se liberta de um nível baixo de produtividade e de poupança, “Dentro da nossa demografia particular, temos uma relação de dependência excessiva do Estado, que fica grande e ineficiente. É imprescindível mudar relação com o Estado para que ele possa caber dentro dele mesmo”, avalia Aod.
Para ele, a reforma previdenciária, claro, é um tema de difícil negociação, porém representa uma questão de sobrevivência. “Trata-se de um desafio político, pois se começar a abrir exceções para os regimes especiais, como segurar os outros setores? Como decidir onde está a gordura e quem será prejudicado ou beneficiado? É também uma batalha de comunicação na qual a sociedade civil precisa se envolver”, defende.
O Brasil de Ideias tem o patrocínio da Celulose Riograndense e Gerdau.