O que estamos vendo hoje no cenário da diplomacia internacional é um alerta e também uma lição. A recente decisão dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 50% ao Brasil escancara o quanto o campo diplomático exige estratégia, equilíbrio e, acima de tudo, pragmatismo. Como alguém que atua diretamente na construção de pontes entre setores público e privado, entre nações e interesses, não posso deixar de observar com preocupação os rumos desse episódio.
A diplomacia, diferentemente da política partidária, não permite improvisos nem reações impulsivas. É um jogo de xadrez. Quando líderes escolhem subir o tom em arenas multilaterais, como o BRICS, precisam saber que o impacto das palavras vai além da retórica, afeta diretamente as relações comerciais, os investimentos e a estabilidade de setores inteiros da economia. Neste caso, é justamente o setor privado brasileiro, mais alinhado com os interesses americanos, que sentirá o primeiro impacto dessa crise.
O Brasil sempre teve como marca uma diplomacia respeitada, baseada no diálogo e no compromisso com a previsibilidade. E é isso que está em xeque. A decisão unilateral de Trump tem motivações políticas evidentes, mas encontrou espaço em um ambiente já tensionado por escolhas estratégicas nossas. O governo brasileiro, ao priorizar discursos voltados para a política doméstica, abriu mão do pragmatismo que deveria nortear a política externa e, nesse processo, quem perde somos todos nós.
A diplomacia empresarial, da qual sou defensora há anos, mostra-se cada vez mais essencial em cenários como este. Quando governos falham no equilíbrio, são as empresas, instituições e lideranças civis que precisam manter o fio da interlocução vivo. Para proteger acordos, preservar pontes e evitar rupturas que prejudiquem toda uma cadeia produtiva. Diplomacia não é sobre vaidade nem improviso! É sobre responsabilidade, visão de longo prazo e coragem de agir com inteligência.