A base do presidente Lula no Congresso propôs maior número de alterações em medidas provisórias (MP) do que partidos de direita, como o PL. Siglas como Rede, União Brasil, PSOL, PDT e até mesmo o PT, que totalizam 16 ministérios, articularam alterações em textos enviados pelo presidente à Câmara dos Deputados e ao Senado. Os dados são da coluna do Estadão.
No total, Lula já assinou 21 MPs durante os primeiros 6 meses de mandato, que receberam 239 sugestões de emendas de deputados do seu próprio partido, o PT. Os petistas contam com 76 representantes na Câmara e no Senado, o que representa uma média de 3,14 emendas por congressistas. Já o PL, partido de Jair Bolsonaro, tem uma média de 2,59 propostas de alteração por deputado/senador.
O União Brasil, que conta com os ministérios das Comunicações, Turismo e Integração e Desenvolvimento Regional, também apresentou um número expressivo de mudanças nos textos do governo.
As emendas têm um papel relevante na imagem dos congressistas. Por meio delas, senadores e deputados manifestam a defesa de um interesse específico que, na maioria das vezes, se relaciona com os seus respectivos eleitorados. No caso da MP do Minha Casa Minha Vida, por exemplo, deputados petistas propuseram a colocação de prioridade do programa a inclusão de mulheres negras e famílias com pessoas portadoras de síndrome de Down.
Parlamentares negam falta de articulação
Apesar dos números e da análise de cientistas políticos que afirmam falta de articulação por parte do governo, representantes do PT minimizam a quantidade de emendas propostas às MPs. Em entrevista ao Estadão, o líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu, afirmou que o mais importante é o partido atuar em conjunto nas votações. Além disso, ele explicou que divergências internas fazem parte da história do partido, que costuma deixá-las de lado na hora de aprovar ou não projetos no Congresso.
O líder do União Brasil, Elmar Nascimento, também minimizou as emendas. Segundo ele, os deputados têm total liberdade para propor mudanças, e que isso pode ser positivo para aperfeiçoar o texto do governo.
Imagem: Marcelo Camargo / Agência Brasil