Uma confusão política entre membros do governo federal gerou uma perda milionária nas ações da Petrobras após a divulgação do balanço da empresa e da decisão de reter dividendos extraordinários sobre os lucros de 2023.
O atrito começou quando os ministros de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e da Casa Civil, Rui Costa, procuraram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para argumentar a favor da retenção dos dividendos extraordinários. Na opinião deles, a Petrobras precisa ter mais dinheiro em caixa para realizar investimentos.
Silveira e Costa consideravam um parecer interno da companhia que apontava um impacto nos indicadores de endividamento e no poder de investimento caso houvesse a distribuição dos dividendos.
No entanto, essa decisão iria na contramão da política da Petrobras e o que seu presidente, Jean Paul Prates, havia prometido ao mercado. Ele sinalizou que algum valor seria distribuído, e a direção propôs o pagamento de metade dos R$43 milhões de lucro excedente em 2023.
Essa divergência entre as opiniões de Prates e dos ministros ajudou a minar a comunicação da estatal com seus investidores. Além disso, as constantes declarações de Lula atacando o mercado e defendendo mais investimentos pioraram a relação.
A completa retenção dos dividendos e a falta de transparência da decisão gerou uma série de situações questionadas por especialistas. Nos bastidores do governo, a avaliação é que Lula foi induzido a erro pelos ministros, já que a Lei das Sociedades Anônimas não permite a destinação de dividendos extraordinários para investimentos. Alguns interlocutores também viram uma tentativa de Alexandre Silveira e Rui Costa para fragilizar Prates no comando da Petrobras.
Segundo levantamento do consultor Einar Rivero, a estatal perdeu R$56 bilhões em valor de mercado por conta do movimento do governo, prejudicando investidores e pessoas físicas que possuem ações.