Como a confusão no governo derrubou as ações da Petrobras?

calendar 18 de março de 2024
user Otavio Rosso

Uma confusão política entre membros do governo federal gerou uma perda milionária nas ações da Petrobras após a divulgação do balanço da empresa e da decisão de reter dividendos extraordinários sobre os lucros de 2023. 

O atrito começou quando os ministros de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e da Casa Civil, Rui Costa, procuraram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para argumentar a favor da retenção dos dividendos extraordinários. Na opinião deles, a Petrobras precisa ter mais dinheiro em caixa para realizar investimentos.

Silveira e Costa consideravam um parecer interno da companhia que apontava um impacto nos indicadores de endividamento e no poder de investimento caso houvesse a distribuição dos dividendos. 

No entanto, essa decisão iria na contramão da política da Petrobras e o que seu presidente, Jean Paul Prates, havia prometido ao mercado. Ele sinalizou que algum valor seria distribuído, e a direção propôs o pagamento de metade dos R$43 milhões de lucro excedente em 2023.

Essa divergência entre as opiniões de Prates e dos ministros ajudou a minar a comunicação da estatal com seus investidores. Além disso, as constantes declarações de Lula atacando o mercado e defendendo mais investimentos pioraram a relação.

A completa retenção dos dividendos e a falta de transparência da decisão gerou uma série de situações questionadas por especialistas. Nos bastidores do governo, a avaliação é que Lula foi induzido a erro pelos ministros, já que a Lei das Sociedades Anônimas não permite a destinação de dividendos extraordinários para investimentos. Alguns interlocutores também viram uma tentativa de Alexandre Silveira e Rui Costa para fragilizar Prates no comando da Petrobras. 

Segundo levantamento do consultor Einar Rivero, a estatal perdeu R$56 bilhões em valor de mercado por conta do movimento do governo, prejudicando investidores e pessoas físicas que possuem ações.

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