Lula isola Haddad e expõe fragilidade da condução fiscal | Por Leonardo Barreto

calendar 2 de junho de 2025
user Gabriel Goerhing

Leonardo Barreto

02.06.2025

Neste domingo (1), durante discurso em evento nacional do PSB, Lula disse que “o governo tem de aprender que, quando quiser ter uma decisão que seja unânime entre todos os partidos, o correto não é a gente tomar uma decisão e depois comunicar. (O correto) É chamar as pessoas para tomar a decisão junto com a gente, para que a gente possa, quando chegar (no Congresso), as coisas estarem mais ou menos alinhadas.”

A fala pode ser interpretada como uma crítica à maneira como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comunicou o aumento do IOF como alternativa à correção do Orçamento.

Haddad não calculou os efeitos do aumento, levando a uma grande mobilização dos setores econômicos, e subestimou a repercussão no Congresso, onde o governo não conta com uma base maior do que 35% dos parlamentares. A tensão escalou e culminou no “ultimato” de dez dias para que o presidente da Câmara, Hugo Motta, deu à Fazenda para que encontrar uma alternativa.

Motta também fez um chamado ao presidente Lula para que desinterdite o debate fiscal no Brasil e assume pessoal e publicamente que novas reformas precisam ser realizadas antes das eleições de 2026. Nas entrelinhas, o pedido é para que o presidente abandone a estratégia política de fazer anúncios de gastos enquanto terceiriza para a sua equipe econômica e para o Congresso o ônus de aprovar impostos e cortes necessários para fechar a conta.

A falta de apoio de Lula e a divisão interna do governo – que ficou evidente na discussão sobre o conhecimento prévio ou não da Casa Civil, do Banco Central e do Planalto sobre o aumento do IOF – fragilizam Fernando Haddad, que tem sua permanência na Fazenda ameaçada. Nomes alternativos especulados são os de Aluísio Mercadante (BNDES) e até de Gabriel Galípolo.

Capital Político

Por Casablanca e Think Policy

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