Ton Holanda
CEO da BCP Engenharia
Novos ventos sopram na direção de um futuro verde. E se não compreendermos tal necessidade agora, que ainda há tempo, descobriremos compulsoriamente a indispensabilidade da energia renovável para perpetuação da humanidade. A pauta, perfumaria nos discursos da virada do século, tornou-se o centro do debate contemporâneo e de todos os continentes da Terra.
O Brasil, neste contexto, vem se apropriando do poder e influência na respiração mundial a partir do seu ouro verde. Esse país como potência natural, entretanto, precisa despertar. Sair do palavreado rococó dos discursos, conferências e seminários sem fim, para um ambiente real, de força prática e transformadora. O que será feito, de fato? Eis a pergunta que o mundo se faz. Que o assunto é prioridade, sabe-se desde que a ciência identificou a finitude dos recursos verdes. Mas, e agora Brasil?
Agora precisamos deixar de ser um país sonolento e acelerar. Além da supremacia humana e social, sobrevive neste debate um capital para negócios que precisa parar de patinar. De acordo com relatório do World Resources Institute, “Uma Nova Economia para uma Nova Era: Elementos para a construção de uma economia mais eficiente e resiliente para o Brasil”, a retomada verde tem o potencial de gerar um aumento acumulado adicional do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de R$ 2,8 trilhões até 2030.
Temos engenharia, ciência e bens raros para nos tornarmos o celeiro do mundo em biotecnologia, parques eólicos e usinas solares: 48% da nossa matriz energética vem de fontes renováveis. Seguramente, percebam a oportunidade: além do baixo custo das energias solar e eólica em relação a outras fontes poluentes, a abundância de ambos faz com que o país tenha um enorme potencial para promover a geração do consumo. O que significa sacudir a economia, gerar emprego e atrair investimentos internacionais.
Governo, mercado e sociedade precisam de convergência para criar um ambiente favorável e célere para acolhida do processo de transição energética mundial – a saída para os desafios climáticos do nosso tempo. Não seremos líderes na produção e na exportação de energia renovável apenas se não quisermos ser. Se seguirmos dorminhocos. Um ecossistema desafiador e promissor exige mais articulação e mudanças estruturais para deixar de ser discurso e tornar-se uma economia verde real, honrando nossa potência. Brasil, clamamos, despertai.