Privatizações foram respaldadas nas urnas, diz Tarcísio

calendar 3 de outubro de 2023
user Otavio Rosso

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, afirmou que as greves dos servidores da CPTM, empresa de metrô, e da Sabesp (Saneamento Básico do Estado de São Paulo) são ilegais e abusivas. Os trabalhadores optaram pela paralisação dos serviços em protesto contra a privatização das empresas após uma votação conjunta que ocorreu ontem (2).

Na opinião de Tarcísio, os sindicatos convocaram as greves para promover ataques políticos e ideológicos à sua gestão, e que a questão das privatizações foi decidida nas urnas.

 “É importante esclarecer à população que a greve não foi convocada para reivindicar questões salariais ou trabalhistas, mas sim para que os sindicatos atuem, de forma totalmente irresponsável e antidemocrática, para se opor a uma pauta de governo que foi defendida e legitimamente respaldada nas urnas”, afirmou o governador.

Tarcísio também destacou que as linhas de metrô que continuam operando são as privatizadas, o que demonstra o bom resultados das concessões para a população. “A esfera de debate para privatização são as audiências públicas e não por meio da ameaça ao impedimento do direito de ir e vir do cidadão. É por meio do processo de escuta de diálogo das desestatizações que os sindicatos contrários devem se manifestar, de forma democrática”, defendeu

Na última sexta-feira (29), o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) proibiu a greve total dos trabalhadores do metrô. A decisão determinou que deveria ser assegurada a circulação da frota de 100% dos trens em horários de pico e 80% nos demais períodos, sob pena de multa de R$500 mil.

O tribunal ainda proibiu a liberação de catracas, que foi solicitada pelos trabalhadores como forma de não prejudicar a população. A decisão levou em consideração o alto risco de tumultos e acidentes nas estações.

O programa de privatizações de Tarcísio

Um programa de privatizações era uma promessa de campanha de Tarcísio de Freitas na corrida eleitoral do ano passado. Após assumir o mandato, o governador chegou a criar uma secretaria específica para tratar o tema e deve seguir uma agenda desestatizante nos próximos meses. 

De acordo com o governo, a piora da saúde financeira de empresas como a Sabesp e CPTM é o principal motivo para as privatizações. Em 2022, a CPTM registrou R$432 milhões de prejuízo, e o Metrô, R$1,16 bilhão. A redução no número de passageiros após a pandemia tornou inviável o modelo de operação das empresas, que tem na tarifa a principal fonte de receita.

As privatizações são uma forma de reduzir os déficits do Estado. Algumas empresas estatais podem ter um desempenho ineficiente pela falta de concorrência e competitividade.

Greve esquenta debate eleitoral

Faltando cerca de um ano para as eleições municipais de 2024, a greve dos trabalhadores do metrô e da Sabesp, assim como o programa de privatizações do governador Tarcísio de Freitas devem adiantar os debates eleitorais na cidade de São Paulo. O deputado federal e pré-candidato à prefeitura da cidade, Guilherme Boulos já se posicionou criticamente às privatizações e acusou o governador de ser o responsável pelas greves.

Já Ricardo Nunes, atual prefeito de São Paulo, se posicionou a favor das privatizações e criticou as greves. Em suas redes sociais, o candidato à reeleição aproveitou para criticar Boulos e acusou seu partido de fazer parte do movimento grevista. 

Lamentamos que nossa população seja prejudicada por 1 greve ideológica, apoiada por partidos como o PSOL, da Presidente do Sindicato dos Metroviários. Uma greve que não está, sequer, respeitando decisão da Justiça”, afirmou o prefeito.

Trabalhadores prejudicados

Os paulistanos precisaram recorrer a diferentes meios de transporte para driblar a greve dos trabalhadores do metrô. Os carros por aplicativo foram a única alternativa que restou para muitas pessoas, que por causa da alta demanda registraram preços mais altos e um tempo de espera maior do que o normal. 

Outra alternativa foi a alteração da rota fazendo o uso de ônibus e linhas de metrô que são operadas pela iniciativa privada. Por volta das 8 horas da manhã, a Companhia de Engenharia e Tráfego (CET) registrava 598 km de congestionamento em São Paulo.

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